O Sim e o Não: Uma Jornada de Autodescoberta Por Valter Almeida, psicólogo

valter almeida • 11 de dezembro de 2024

O Sim e o Não: Uma Jornada de Autodescoberta
Por Valter Almeida, psicólogo

Em uma pequena cidade rodeada por montanhas, vivia Clara, uma mulher de 35 anos que parecia levar uma vida exemplar. Era considerada a pessoa mais solícita da comunidade: dizia "sim" a tudo e a todos. Se precisassem de ajuda com uma mudança, Clara estava lá. Se solicitassem conselhos, ela ouvia com paciência. Mas, apesar de sua aparente bondade, Clara carregava um peso invisível: o vazio de nunca priorizar a si mesma.

Certo dia, enquanto caminhava pelo bosque, Clara encontrou um ancião sentado em um banco de madeira. Ele tinha olhos penetrantes e transmitia uma sabedoria que parecia ultrapassar o tempo. Curiosa, Clara se aproximou, e ele a cumprimentou com um sorriso.
— Você sabe o que acontece quando o "sim" é usado sem medida e o "não" é enterrado? — perguntou o ancião.
Clara balançou a cabeça, intrigada. Ele continuou:
— Um "sim" dito sem reflexão rouba energia, enquanto um "não" dito com firmeza preserva o que é mais precioso: sua essência.
O ancião então entregou a Clara uma pequena ampulheta dourada e explicou que ela teria sete dias para usá-la em um experimento. Cada vez que dissesse "sim" por obrigação, um grão de areia desapareceria. Cada vez que dissesse "não" com coragem, a ampulheta se renovaria.
Nos primeiros dias, Clara não deu muita atenção ao objeto. Continuou dizendo "sim" automaticamente. A ampulheta começou a perder areia rapidamente, e Clara se sentiu mais cansada do que nunca.
No terceiro dia, uma amiga pediu que Clara organizasse uma festa, mesmo sabendo que ela tinha compromissos importantes. Clara quase disse "sim", mas lembrou da ampulheta e hesitou. Respirou fundo e respondeu:
— Hoje não posso ajudar. Preciso cuidar de algo importante para mim.
Para sua surpresa, a amiga aceitou com naturalidade, e Clara sentiu uma onda de alívio. Naquele momento, a ampulheta brilhou, e mais areia foi adicionada.
Nos dias seguintes, Clara experimentou a magia de escolher entre o "sim" e o "não" com consciência. Quando dizia "sim", era porque queria genuinamente contribuir. Quando dizia "não", era porque respeitava seus próprios limites.
Ao final da semana, Clara voltou ao bosque. O ancião a esperava com um sorriso sereno.
— O que aprendeu, minha filha?
— Aprendi que o "sim" abre portas para os outros, mas o "não" abre portas para mim mesma.
O ancião assentiu, entregando-lhe a ampulheta como um presente permanente.
— Que você nunca mais esqueça o equilíbrio entre os dois.
Clara voltou para casa com uma nova perspectiva. Não apenas aprendeu a usar o "sim" e o "não" com sabedoria, mas também se tornou inspiração para sua comunidade, mostrando que o poder de uma vida equilibrada reside em escolhas conscientes.
Conclusão
O "sim" conecta, mas o "não" protege. Saber quando usar cada um é a verdadeira chave para uma vida de respeito mútuo e autocompaixão.Na psicologia, o "sim" e o "não" representam muito mais do que simples respostas. Eles simbolizam a habilidade de estabelecer limites, expressar desejos e respeitar as próprias necessidades, fatores cruciais para o bem-estar emocional e a saúde mental.
1. O poder do "sim":
Representa abertura, aceitação e disposição para se conectar com experiências, pessoas e oportunidades.
Quando utilizado com consciência, fortalece relacionamentos, promove crescimento pessoal e cria novas possibilidades.
Porém, o uso excessivo e automático pode levar ao esgotamento e à perda de identidade, especialmente quando dito por obrigação ou medo de rejeição.
2. O poder do "não":
É um símbolo de autonomia e autoproteção, essencial para estabelecer limites saudáveis.
Dizer "não" de forma assertiva demonstra respeito por si mesmo, reduz o estresse e previne o acúmulo de responsabilidades desnecessárias.
No entanto, muitas pessoas têm dificuldade em dizer "não" devido ao medo de desapontar os outros ou de enfrentar conflitos.
Em resumo:
Saber dizer "sim" e "não" com equilíbrio é uma habilidade central na assertividade, um conceito amplamente estudado na psicologia. Essa prática melhora a autoestima, fortalece os relacionamentos e promove o bem-estar psicológico ao alinhar as respostas às próprias prioridades e valores. 




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